sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Mulheres Que Correm Com os Lobos - Os Sapatinhos Vermelhos!👠👠






HEDDA GABLER!

O Enigma da Mulher à Frente do Seu Tempo,

 e o Espelho de Nossas Armadilhas Psíquicas!

Na galeria de personagens imortais criadas pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, Hedda Gabler ocupa um lugar de destaque e mistério. Estreada em 1890, a peça apresenta-nos uma figura que vai muito além dos rótulos fáceis, desafiando a compreensão do público e dos que a rodeiam. Mas, afinal, quem é esta mulher que continua a fascinar e a perturbar, a ponto de ser referida por Clarissa Pinkola Estés em "Os Sapatinhos Vermelhos" como um arquétipo de alerta?

Hedda é, antes de mais nada, a filha do General Gabler. Esta é a sua identidade primordial, a que verdadeiramente carrega com orgulho. Do pai, ela não herdou uma fortuna, mas símbolos que definem a sua psique: um piano, um quadro retratando o general, uma imensa arrogância e um par de pistolas. Estes objetos representam um mundo de autoridade, poder e ação que contrasta brutalmente com a realidade em que vive.

Após o casamento com Jorgen Tesman, um acadêmico bem-intencionado mas convencional, Hedda vê-se confinada, e ao que Clarissa Pinkola Estés chamaria de "carruagem dourada" - uma vida burguesa aparentemente confortável, mas que ela despreza profundamente. A sua nova casa, os convivas, as expectativas sociais – tudo lhe parece raso, insípido e intoleravelmente monótono. Ela é de um espírito intenso, e agora aprisionado na gaiola dourada do conforto medíocre, vestindo o que parece "correto" socialmente, mas isso tudo então, sufoca a sua vitalidade.

O mal-estar de Hedda não é apenas social ou conjugal; é existencial. Ela explicitamente declara não ter qualquer vocação, expressando um vazio interior que corrói a sua essência. O que Hedda anseia não é uma carreira ou independência financeira (embora a dependência a asfixie), mas uma vida repleta de beleza, coragem e intensidade dramática. Ela deseja que a existência seja uma obra de arte, mas depara-se com a banalidade do quotidiano.

É aqui que a análise de Clarissa Pinkola Estés ilumina ainda mais esta personagem: Hedda encarna perfeitamente a mulher que, em vez de nutrir a sua própria vida criativa (os "sapatos feitos à mão"), investe na estética do controle. Quando a alegria criativa some, aparece a compulsão por dominar pessoas e destinos - uma dependência tão tóxica quanto qualquer vício.

Hedda não é uma mulher fácil de amar. Ela é arrogante, manipuladora e por vezes cruel. O seu desprezo pelo marido é palpável, e a sua rejeição à maternidade era escandalosa para a época. No entanto, Ibsen não a pinta como um monstro, mas como um produto de um conflito insanável: ela é demasiado convencional para abandonar tudo, como Nora em "Casa de Bonecas", mas demasiado desajustada para se conformar.

Ela vive o que Clarissa descreve como "a vida dupla e a máscara": por fora, elegância e bons modos; por dentro, uma verdadeira "hemorragia interna" de ressentimento e desgosto. Hedda não é "a vilã" clássica: ela revela como uma mulher inteligente, sem espaço para o próprio desejo criativo, pode adoecer numa tentativa de manter tudo perfeito.

Hedda Gabler é, no fundo, o espelho de um desconforto profundo que muitas vezes não consegue ser nomeado. Ela representa a luta entre os nossos desejos mais profundos de significado e a realidade, por vezes opaca, que nos é imposta. A sua luta contra a irrelevância, o tédio e a falta de autenticidade ressoa de forma poderosa ainda hoje.

Quando Clarissa Pinkola Estés a menciona em "Os Sapatinhos Vermelhos", é para nos lembrar do que está em jogo quando abandonamos a vida feita à mão: perdemos o eixo, substituímos vitalidade por aparência, e a beleza vira cativeiro. Ibsen criou em Hedda não uma resposta, mas uma pergunta permanente sobre o lugar da intensidade, da liberdade interior e da beleza em um mundo que, tantas vezes, parece valorizar apenas o prático e o convencional.

O recado que fica, tanto da peça de Ibsen quanto da análise de Clarissa, é simples e profundo: troque o controle pela criação, a aparência pelo alimento da alma, a pressa pela maturação do seu próprio caminho. É assim que os sapatinhos vermelhos voltam a ser obra nossa - e não uma armadilha que nos puxa para longe de nós mesmas.

Hedda permanece assim; um dos personagens mais enigmáticos e cativantes da história do teatro, uma mulher cujo fogo interior, quando não canalizado para a criação, consome tudo à sua volta. Um aviso atemporal sobre o preço de ignorarmos os nossos instintos mais profundos em nome das convenções.

Hedda Gabler não é uma heroína, e é exatamente por isso que seu exemplo é tão valioso. Ela é um poderoso alerta. Ela nos mostra o desfecho de uma alma brilhante que, ao se ver encurralada, escolheu o controle destrutivo em vez do caminho mais difícil da auto renovação. Ela nos ensina, não pelo caminho a seguir, mas pelo abismo a evitar.

Sua história é um aviso solene: de nada adianta a inteligência e a percepção aguçada se não forem usadas para tecer uma saída criativa. O verdadeiro antídoto para a armadilha não é uma revolução grandiosa e dramática, mas a coragem silenciosa de, ponto a ponto, costurar uma nova vida com as próprias mãos.

Então quando você se pegar querendo controlar pessoas, situações ou resultados para aliviar a sua inquietação (como Hedda), deve primeiro parar de tudo. E só então canalizar essa energia para um ato criativo, por menor que ele seja, por exemplo, cozinhar uma refeição observando cada detalhe da receita, ou escrever um pouco, pois isso alivia demais, ou cuidar de uma planta, dançar sozinha na sala, isso mesmo, dançar faz bem demais, ou até começar um projeto que sempre adiou. Porque não? São terapias excelentes para preencher algum vazio interno. 

Vamos dizer que os sapatos param de dançar sozinhos, quando a energia que os alimentava (a fome da alma não saciada) é direcionada para algo que é genuinamente seu — sua "obra feita à mão". A criação é o antídoto para o controle. É ela que reconecta você com o seu próprio eixo e faz os seus sapatinhos vermelhos serem uma expressão de sua vitalidade, e não uma armadilha. Devemos reconhecer e evitar as armadilhas, mas uma vez dentro teremos que parar de dançar no ritmo dos outros e começar a costurar os nossos próprios sapatos.

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Com Carinho, Beth Castro 👠👠
Guardiã de Vivências Transformadoras.


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